Todos os devaneios publicados ou não neste blog são dedicados a qualquer pessoa que ja sentiu pelo menos 1 ( um ) dos sentimentos mais desprezíveis dos seres humanos, ódio, inveja, saudade, solidão, arrependimento, amor. Especialmente os Ansiosos, Lunáticos, Excêntricos, Maniacos, Depressivos, com desturbios de sono, escritores, Fumantes, Alcoolatras, Maconheiros, Bipolares, que tem medo de pessoas, quem tem medo de morrer sozinho, que tem medo de amar , que tem medo de sí mesmo.

Vejo cada uma dessas pessoas passando por mim todos os dias nas ruas, na minha casa, no meu convívio, no espelho.

Essas são suas histórias, mentiras, e devaneios. Algumas ruins de se ler, outras chocantes demais para serem esquecidas.

Os Monólogos da Existência servem justamente para isso, abrir os olhos de quem cansou de deixar cegar-se, alimentar a busca da verdade e quem sabe provar que a esperança não é a ultima que morre... A Realidade ainda está pra chegar.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Relatos Anormalmente Cotidianos


Seu nome era Frank, (sua mãe via filmes norte-americanos demais) Frank Zollá Ferreri.
Era o único homem da casa onde viviam 3 mulheres, Sua avó, sua mãe e sua irmã mais velha.
Ele acreditava que era adotado, era totalmente diferente dos que moravam com ele.
Todo dia acordava, rolava de um lado da cama e pensava

- Grande bosta, outra manhã. - Ele nunca gostou muito do dia, era um sujeito bem noturno.

Frank fazia faculdade de jornalismo que aliás era paga quase integralmente por sua avó,
fato que ela fazia questão de jogar na sua cara todas as manhãs.
Era um rapaz muito frustrado, ja tinha 25 anos, não havia completado o curso,
seu trabalho de frentista de posto ( período da manhã ) e depois como office boy de uma empresa beirava o limite da mediocridade. Se achava meio gordo,
meio baixo, meio inteligente, meio esquisofrênico, meio hipocondríaco, meio ciumento, meio
tudo, era um rapaz bem mediano aliás.
Mas Frank tambem tinha uma alegria (a vida não é so feita de tristezas certo ?) bolava um
baseado como ninguem, e tinha um livrinho de piadas que lia quando ia fazer suas necessidades
no banheiro. Ja havia lido o maldito livrinho 62 vezes e ainda continuava.

- Não consegui decorar todas as piadinhas ainda. E minha memória é fraca.

Certo dia Frank acordou atrasado mas nem se preocupou em ter pressa, a muito tempo queria
ser demitido daquele emprego de merda mesmo.
Chegou 1 hora depois no trabalho e o patrão ja veio com a boca cheia de bosta.

- PORRA seu moleque! Aqui nós somos um Posto sério! Perdemos 3 clientes porque o Souza teve que ficar adulterando o combustível enquanto você não dava as caras.
- Sinto muito, acordei atrasado.
_ AH, sinto muito ? Quem você acha que eu sou ? Isso vai ser descontado do seu salário! Pra você aprender Seu merda!
Nessa hora as coisas começaram a ficar sérias. Seu Merda? Ele sabia que era um Merda mesmo, mas isso não dava o direito de que os outros o chamassem assim.

- MUito bem seu filho da puta! Desconte o dia inteiro dessa merda de salário que você me paga! MELHOR, pegue o dinheiro, limpe sua BUNDA e depois enfie na boca da sua mulher!
Que vem aqui todos os dias querendo dar pra todos os funcionários! - Parou e continuou - E vê se fecha essa boca,
e começa a tratar seus funcionários com mais dignidade e pare de cuspir na cara de todo mundo enquanto você fala seu cretino.

Deu as costas e começou a ir embora. Os funcionários não acreditavam no que haviam acabado de ouvir, os clientes ficaram de boca aberta,
os seguranças da loja de conveniência começaram a bater palmas.

- O garoto está certo, esse filho da puta é um lixo!

E todos começaram a aplaudir junto, enquanto ele andava rumo ao ponto de ônibus.
Mas antes que pudesse sair da área do posto, sentiu uma pontada nos ombros, não chegava a doer tanto, mas quando olhou pra trás
viu o patrão gordo, sem pescoço, pau mandado da mulher, com o rosto vermelho e espumando pela boca
com um canivete suiço cheio de sangue nas mãos.

-SEU MOLEQUE DESGRAÇADO! DESGRAÇADO! EU VOU TE MATAR!

De repente tudo branco, quando deu por sí, havia retalhado a jugular do filho da puta.
Então tudo ficou claro, sua raiva estava em um ponto máximo, seu limite ja não existia.
Pegou a mangueira da bomba de gasolina, marcou 5 litros, encharcou o corpo do dono do posto, acendeu seu " CAMEL " e apagou na
testa do desgraçado, que começou a cremar na hora.

Saiu de la a pé mesmo e não se preocupava com a polícia, por algum motivo sabia que nada aconteceria com ele.
Chegou duas horas depois no seu outro emprego. Subiu, e deu de cara com o gerente da firma.

- Rapaz, você tem que sorrir mais!
- Não tenho motivos para sorrir.
- Como não ? Você tem um bom emprego, ganha 1 salário mínimo por mês, e ainda os sit-pass, como poderia não estar sorrindo ? - Deu um sorriso amarelo e continuou - Aliás,
que eu mesmo começei onde você está, e olhe onde eu estou hoje em dia !

Está em uma merda pior que a minha (pensou), tem 3 filhos pra cuidar, mora em uma casa de 2 quartos,
com a esposa que reclama o dia inteiro porque ele é broxa, e ganha 3 vezes o que eu ganho, o que não deixa de ser uma mixaria.

- Tudo bem senhor, vou tentar fazer um sorriso falso para todos ficarem satisfeitos.
- Isso! Agora sim, ninguem tem obrigação de ficar aguentando cara triste não é?
Agora pegue essas faturas e já pro banco.

Chegando no banco, a fila estava enorme como ja era de se esperar.
Como não podia piorar, resolveu pegar a fila preferencial (idosos, gestantes, pessoas com crianças de colo, e deficientes físicos )
O banco inteiro olhava para ele e ele pro banco inteiro, " esses cretinos são um bando de carne morta mesmo "

Chegando sua vez de ser atendido quase vomitou, uma mulher horrorosa (que lembrava as pedagogas
da terceira série do colégio público, daquelas que não trepam a 23 anos e tem hálito de cigarro falsificado,) que atendia no caixa
começou a gritar com ele.

- ORA, você não tem Vergonha? Tantas pessoas atras de você precisando ser atendidas, idosos,
uma grávida, e você um MOLEQUE saudável querendo passar a perna em todo mundo? NÃO TEM VERGONHA?

Calmamente ele respondeu.

- Esse caixa não é para deficientes?
- É CLARO QUE É! MAS EU NÃO TO VENDO NADA EM VOCÊ! SUA DEFICIÊNCIA É DE CARÁTER?
- NÃO SUA MAL COMIDA! A MINHA DEFICIÊNCIA É MENTAL! SÓ PODE SER MENTAL!
Assim como a desse bando de filho da puta que ta na fila desse banco, pra ser atendido por um monte de caixas cuzões
como vocês, que ficam enfiando o dedo no cu em vez de fazer essa fila andar! TEm 6 balcões de atendimento mas só duas pessoas sentadas nas cadeiras!
EU SÓ POSSO MESMO SER DEFICIENTE MENTAL, igual todo mundo aqui, que tem que esperar 1 hora nessa fila infernal, todo santo dia
pra poder levar dinheiro pra casa, pra sustentar a mulher que só FALA MERDA, pra botar comida pro filho que você nem queria ter
feito acidentalmente quando a camisinha estourou! E que quando crescer vai virar as costas pra você e cuspir na sua cara!
Sou Tão deficiente aqui quanto todo mundo que tem uma vidinha medíocre, que nasce, cresce, não faz merda nenhuma que vá ser lembrada por ninguem,
e que depois de morto vai virar apenas mais um pouco de merda pra adubar o chão desse mundo que nós mesmos estamos destruindo!

Enquanto gritava, o segurança entrou com uma gravata, e ele quase desmaiou.
Mas sua raiva era enorme, GIGANTE, e dela vinha sua força. Com a força do próprio corpo rodou o segurança para o chão,
Sem pensar duas vezes quebrou o pescoço do coitado com um chute, tirou a arma do coldre e efetuou 2 disparos.
Um no coração e outro na cabeça da caixa que havia falado toda aquela merda para ele.

*

Saiu correndo, chorando... Havia muito tempo que não chorava,
Lembrou dos tempos de criança, de como sorria sempre.
Lembrou-se de sua família e chorou mais.
Frustração, 25 anos de nada feito, nada juntado, nada conquistado.
Apenas um quarto, uma cama, uma televisão e o computador onde escrevia seus textos.
Nenhuma namorada que tenha durado mais que 1 mês e meio,
"É, o problema realmente deve ser comigo. "
Sem amigos, sem nada, apenas a raiva, que voltava a tomar conta , cada vez mais forte,

*

Chegou em casa, precisava dar uma cagada, a ultima cagada antes de ser preso pois as sirenes
ja podiam ser ouvidas.
Levantou a tampa, sentou mas quanado olhou para o cesto o seu livrinho de piadas não estava lá.
Esse era o fim, seu livrinho de piadas, faltava apenas uma ultima piada para decorar, e agora não haveria mais tempo,
seria preso!
Abriu a porta do banheiro com uma fúria sem precedentes e encontrou uma velha senhora com uma faca não mão dizendo que ele estava louco,
perguntando o que ele estava fazendo!
Não pensou duas vezes, enfiou uma bala entre os dois olhos dela. Ouviu gritos vindo do quarto, duas mulheres uma mais nova e
outra mais nova ainda se abraçando. Viu as duas com medo, depois viu os dois corpos no chão e depois não viu mais nada.
Apenas preto, acabou.


- Senhorita, por favor recomponha-se. Eu sei que é dificil, mas você precisa me dizer
se você reconhece essa pessoa como seu filho ou não.

A mulher chega perto do corpo de Frank, frio e com 22 buracos no peito feito pela saída das balas.

- Oh MEU DEUS, MEU DEUS, É sim, é o meu filho, MEU DEUS DO CÉU COMO ISSO FOI ACONTECER COMIGO?
MEU FILHO, ERA UMA PESSOA TÂO BONDOSA, TÃO QUIETA... Ele tava na faculdade, era um bom escritor, meu deus do céu, como você pôde me levar ele? - Começou a chorar forte mas em meio a soluços conseguiu sibilar -
O senhor pode me explicar o que aconteceu ? Porque meu filhinho está morto aqui ?

- Bom senhora, nós não sabemos ao certo o que aconteceu, mas parece que ele simplesmente enlouqueceu,
pelo relato de várias testemunhas que conseguimos juntar na cidade, ele botou fogo no patrão do posto onde trabalhava,
matou um segurança e uma funcionária do banco do brasil, e quando a polícia estava perto de pega-lo ele entrou em uma casa
onde moravam 3 freiras, entrou no banheiro e saiu gritando sobre um livro de piadas qualquer.
Matou a velha e as outras duas freiras mais novas. Então, enquanto tentava fugir, foi alvejado
pela ROTAM, de acordo com eles seu filho atirou contra a viatura.

Ja deviam ser umas 3 da manhã, e enquanto a mãe de Frank chorava perto de seu cadáver,
um repórter invadia o necrotério para tirar uma foto do cadáver e escrever ao seu modo
o que havia acontecido no dia anterior. Tudo com muita pressa claro, pois o artigo deveria estar
pronto até as 4, para estar no site Online as 5, e na casa das pessoas de bem da cidade ás 6.