Todos os devaneios publicados ou não neste blog são dedicados a qualquer pessoa que ja sentiu pelo menos 1 ( um ) dos sentimentos mais desprezíveis dos seres humanos, ódio, inveja, saudade, solidão, arrependimento, amor. Especialmente os Ansiosos, Lunáticos, Excêntricos, Maniacos, Depressivos, com desturbios de sono, escritores, Fumantes, Alcoolatras, Maconheiros, Bipolares, que tem medo de pessoas, quem tem medo de morrer sozinho, que tem medo de amar , que tem medo de sí mesmo.

Vejo cada uma dessas pessoas passando por mim todos os dias nas ruas, na minha casa, no meu convívio, no espelho.

Essas são suas histórias, mentiras, e devaneios. Algumas ruins de se ler, outras chocantes demais para serem esquecidas.

Os Monólogos da Existência servem justamente para isso, abrir os olhos de quem cansou de deixar cegar-se, alimentar a busca da verdade e quem sabe provar que a esperança não é a ultima que morre... A Realidade ainda está pra chegar.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A Primeira e Última Valsa de João Bitencourt

Mãe, esses dias são dias estranhos. Caminhava pela rua me sentindo muito pior que de costume. As pessoas passavam, voltavam, passavam, e enquanto eu olhava em seus rostos eu percebia que não era o único a estar mentindo para si mesmo e para os outros. Eu olhava, cerrava a visão e me deparava com o mesmo que havia visto no espelho algumas horas antes quando acordei, um pequeno sorriso querendo dizer “está tudo bem! “ acompanhado de olhos tímidos, cansados, e cheios de uma verdadeira tristeza. Profunda, preocupada e melancólica tristeza, daquelas que quase da para se comparar com alegria, não fosse pelas rugas na testa e pelo segundo Box de Camel que se acaba de abrir. Sentei-me no chão enquanto acendia outro cigarro e comecei a me lembrar de quando era criança, de quando você me falava que eu seria grande, que eu era inteligente, que Deus tinha grandes planos pra mim. Me lembro de ter certeza, inspirado na figura “paterna” do meu tio, que queria ser advogado quando crescesse, me lembro também de ser muito bom nas aulas de literatura e redação e sinto saudade da época em que minhas preocupações eram fazer o dever de casa o mais rápido possível pra jogar vídeo-game, não deixar a Bruna Carla saber que eu gostava dela , cuidar da minha reputação de valentão na escola, fazer um poema com rimas para meu amor platônico. Hoje, mãe, eu tenho um emprego, tenho uma noiva, tenho uma conta no banco que cá entre nós está no vermelho, e mesmo assim nunca me senti tão perdido. Nunca tive tanta certeza de que tudo o que eu queria é exatamente tudo o que eu não quero, tenho minha tão esperada carteira de motorista, mas não dinheiro pra comprar meu próprio carro, tenho amigos que me dão força, tenho amigos que me desmotivam, tenho essa dor de cabeça, e um sentimento de tristeza tão forte que parece comer meu estômago por dentro, pensei até que poderia ser síndrome do pânico, um enfarto ou coisa do tipo, você sabe que eu sou meio hipocondríaco e a gente sempre vê histórias de pessoas que tiveram os mais variados sinais antes de enfartar. Hoje mesmo cheguei no trabalho e enquanto estava dentro do elevador me senti a pessoa mais solitária do mundo, a pessoa rodeada por pessoas mais solitária do mundo. Chegou ao meu andar, saí e fiquei encarando a porta de entrada do escritório por dois minutos respirando fundo e criando coragem para fazer a mesma coisa que eu faço todas as manhãs, entrar, botar um puta sorriso no rosto e falar com as secretárias “ Bom dia! Tudo bem com as senhoritas? “ “ Bom dia, tudo certo e você?” “ Opa! Tudo ótimo! Se melhorar estraga! “, seguido pelo sorriso falso mais triste que o mundo já viu, não foi o que aconteceu infelizmente. De alguma maneira não foi possível pra mim dizer que estava tudo ótimo. A verdade bateu na minha cara com tanta força que a única coisa que eu consegui fazer foi entrar em colapso, correr para a escada e chorar, chorar muito mesmo ali naquele canto imundo e mijado de escada de prédio comercial, deitado, como uma criança. Por isso resolvi que vai ser hoje! E dessa vez não tem empregada pra me fazer vomitar as pílulas, nem médico estancando pulso, nem corda podre se rompendo, dessa vez vou fazer certo com a .40 novinha toda prateada que eu acabei de comprar. Quando você estiver lendo isso saiba que não tive motivos aparentes. Não foi uma pessoa em si que me destratou, não foi um coração partido, não foi a fome na África, não foi falta de seus cuidados. A minha vida é boa, não me falta muita coisa, mas essa dor, não consegue me deixar ser feliz, essa dor sempre me lembra que quando as coisas melhoram é apenas para poder saber que tudo vai piorar. De qualquer forma, diga a minha noiva que eu sempre a odiei e que pra mim foi “ apenas sexo “, dessa forma eu evito que uma das pessoas mais importantes que existe na minha vida sofra pela minha fraqueza. Quanto aos meus amigos, eu odiava todos! Não aturava se quer um deles ! Sempre fui falso, fingido e egocêntrico. Ao resto Mãe, diga que não haverá funeral, dê um falso sorriso de felicidade, coloque uma puta duma música do Pink Floyd e chore a morte do seu filho, mas sem tanta tristeza sim? Mande queimar tudo e despeje no primeiro buraco que vir pela frente, até porque nesses dias de dias estranhos, eu não quero ter mais com o que me preocupar. A partir de agora.

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